História do município
História da Cidade de Santa Bárbara
Publicado em 19/02/2021 08:30 - Atualizado em 19/02/2021 08:22
A Santa Bárbara de ontem...
... a Santa Bárbara de hoje...
O INÍCIO
As origens de Santa Bárbara remontam o período da exploração do ouro em Minas Gerais, no início do século XVIII. O bandeirante paulista Antônio Silva Bueno, explorando as margens do ribeirão existente nas fraldas da Serra do Caraça, encontrou ali ricas minas de ouro. Conforme registro no calendário litúrgico, ele chegou aqui em 4 de dezembro de 1704, dia de Santa Bárbara e, por este motivo, batizou o ribeirão com este mesmo nome.
As minas descobertas pelo bandeirante, às margens do ribeirão Santa Bárbara eram muito ricas e, por isso, despertaram a ambição de outros aventureiros mineradores. Estes, na esperança de enriquecer, vieram morar na região. E foi assim que começou o arraial de Santo Antônio do Ribeirão de Santa Bárbara.
E você sabe o motivo deste nome? Já explicamos o fato de ser Santa Bárbara e, agora, esclarecemos o porquê do Santo Antônio. Simples! Ele era padroeiro dos bandeirantes recém-chegados. Em meio a essa devoção, logo uma capela foi erguida.
A MATRIZ
Em 1713 a igreja Matriz de Santo Antônio começou a ser construída e segundo conta a história, à medida que o arraial crescia, novas igrejas e capelas eram erguidas. O tempo passou e no ano de 1724, um alvará de 16 de fevereiro conferiu à Freguesia de Santa Bárbara o caráter de colativa, sendo o Padre Manoel de Souza Tavares (1724-1750) o seu primeiro vigário.
Mas o que seria isso? A gente explica!
Na verdade, Vigário Colado era aquele que não poderia ser removido. Na época, havia também o Vigário Encomendado, que podia ser transferido para qualquer Freguesia.
O OURO EM DECADÊNCIA
Já na segunda metade do século XVII as nossas reservas de ouro de aluvião, aquele encontrado no vale dos rios, começaram a se esgotar.
E sabe o motivo disso? O processo de super exploração que acontecia por aqui. Com isso, veio de um período de decadência e as alternativas para sobreviver, passaram a ser as culturas de subsistência e a criação de gado.
E assim, nos primeiros anos do século XIX, as atividades de mineração quase não existiam mais.
Inclusive, o francês Saint-Hilaire, por aqui de passagem em 1817, foi testemunha do abandono do povoado. Ele registrou o desabafo de um proprietário de várias residências vazias, que não encontrava gente disposta a ocupá-las, nem de graça.
Outro exemplo é o de João Emanuel Pohl, que também aqui esteve na época. O botânico registrou impressões mais detalhadas sobre a fisionomia das ruas e dos edifícios afirmando que eles... assobradados e muitos de tamanho considerável e construídos com bom gosto, são enfileirados um junto do outro, em geral, porém maltratados e decadentes. Logo adiante ele esclarece que, antigamente, quando a extração do ouro é feita debilmente e os moradores vivem mais da criação do gado e da cultura dos frutos do campo.
CRESCIMENTO
O arraial superou a fase ruim. A privilegiada localização geográfica ajudou o lugar a adquirir forças suficientes para se transformar em Vila (Lei Provincial 134 - 16 de março de 1839). A parte administrativa foi instalada em 28 de janeiro de 1840.
Tudo evoluiu! As atividades econômicas floresceram, a Vila ganhou importância e em 6 de junho de 1858, pela Lei Provincial 881, foi elevada à categoria de cidade.
Em 1861, os ingleses organizaram a Santa Bárbara Mining Company, para assim, reativar a mineração do ouro. A iniciativa foi comprar a Fazenda Mina de Ouro do Pari ou Veio do Pari, em terras onde hoje é o distrito de Florália. Mesmo com esses esforços a mineração não desenvolveu.
Entretanto, o desenvolvimento não parou. Nos anos finais do século XIX, Santa Bárbara concretizou sua importância como Município da Província de Minas Gerais, tornando-se sede de Comarca, sendo desmembrada de Caeté em 12 de novembro de 1878.
POPULAÇÃO
Naquele ano, a cidade registrava uma população de 47.200 habitantes, sendo dez por cento na sede municipal.
Já os trabalhadores escravos registrados, cerca de 7.160, representavam pouco mais de seis por cento da população existente no município naquele momento. A mão-de-obra cativa, como se sabe, dedicava-se ao trabalho mais pesado, principalmente o da lavoura.
Outra curiosidade desta época, é que a lavoura de subsistência, desenvolvida nesta região, ocupava pequenas e médias propriedades, com uma maneira de cultivar a terra que não exigia quantidade de braços como as lavouras de exportação típicas. Estas, pelo contrário, pediam grande quantidade de terra e de mão-de-obra.
Há aí indicada uma possibilidade de contingente razoável da população livre estar submetida a algum tipo de trabalho remunerado. Considera-se ainda o grande número de pequenos proprietários rurais, geralmente também comerciantes e configura-se uma sociedade de classe média rural de pequenas fortunas dos pequenos negócios que tinha sua possibilidade de se expandirem limitadas até pela geografia.
O AUGE
O nascimento do século XX vai encontrar Santa Bárbara vivendo momento brilhante. O município, um dos maiores do estado, reunia 11 distritos: Santa Bárbara, Rio São Francisco, São Gonçalo do Rio Abaixo, São João do Morro Grande, Conceição do Rio Acima, Nossa Senhora dos Cocais, São Miguel do Piracicaba, Catas Altas, Conceição do Mato Dentro, Bom Jesus do Amparo, Socorro e Brumado.
Um sopro de dinamismo percorre a cidade de Santa Bárbara. As atividades econômicas renovam-se. Em agosto de 1911, foi inaugurada a estação Ferroviária da estrada de Ferro Central do Brasil, antes mesmo da conclusão de toda a infraestrutura necessária. O pontilhão de ferro, importado da Inglaterra ficou retido na Europa, obrigando os passageiros a chegarem à cidade por uma ponte de madeira. Esta, foi construída por Sílvio e Antônio Lorenzato e outros italianos.
Com a inauguração da estação, consolidou-se o processo econômico do início do século XIX com a mudança nas funções e na maneira pela qual a população organiza a sua sobrevivência. E mais, com o trem chega o telégrafo.
MODERNIDADE
Enquanto Porto Seco e Final de Linha, a cidade floresceu, tornando-se referência econômica da região. A sede do município contava com equipamentos urbanos, modernos, luz elétrica, água encanada, um hospital e um grupo escolar. É o período da expansão dos negócios e os interesses políticos dos grupos, que dividem a elite local, se manifestando através de dois jornais da época A Vida (1906) e a Pátria (1909).
AFfONSO PENNA PRESIDENTE
Neste campo, o melhor momento dos grupos dominantes em Santa Bárbara é a posse do conselheiro Affonso Penna, como quinto Presidente da República (antecederam-no: Deodoro da Fonseca / Floriano Peixoto (em um período), Prudente de Morais, Campos Sales e Rodrigues Alves). Filho de Santa Bárbara, esse típico representante das elites de Minas Gerais teve uma carreira política notável que começou no império, terminando na Presidência da República, no período de 1906 a 1909.
MUDANÇAS TERRITORIAIS E REGISTROS HISTÓRICOS
Duas decisões do Governo Estadual modificaram o perfil do município nos primeiros anos do novo século. A primeira, em 1911, quando o distrito de São Miguel do Piracicaba é retirado da jurisdição de Santa Bárbara; a segunda, em 1923, quando foi suprimido o distrito de Mercês de Água Limpa. Já em 1925 essas modificações são percebidas na população anotada por Vítor Silveira para Santa Bárbara: 34.172 habitantes, quase a metade da população existente em 1900.
A cidade consolidou a sua vocação para a produção de subsistência, além de ter se tornado importante centro atacadista. Vítor Silveira, nas anotações sobre Santa Bárbara, em 1925, registra: O Distrito de Santa Bárbara, sede do município, tem então 34 casas comerciais, três farmácias, dois hotéis, duas padarias e duas alfaiatarias, além do hospital e do Grupo Escolar. A produção mineral é escala modesta, com ouro, ferro, manganês e diversas qualidades de tintas oriundas do óxido de ferro e do ocre.
Além disso, há algum desenvolvimento na pecuária, permitindo a existência de um excedente exportável no rebanho de gado vacum; enquanto o dos suínos era apenas suficiente para o abastecimento local. Em 1925, o novo prédio da Estação ferroviária, construído com a linguagem arquitetônica, vinculado ao ecletismo, foi inaugurado. Consolidava-se a vocação comercial de Santa Bárbara.
A menção que Vítor Silveira faz aos 80 fazendeiros mais importantes supõe a existência de, pelo menos, uma boa quantidade de outros de menor expressão, o que, visto por outro lado, mostra o tanto que o parcelamento da propriedade da terra havia se consolidado no município.
NOVAS PERDAS TERRITORIAIS
Em 1943, o município de Santa Bárbara perde os distritos de Bom Jesus do Amparo, Morro Grande e Cocais, novas relações comerciais são estabelecidas e as mercadorias adquiridas pelas cidades vizinhas chegam por via férrea à cidade de onde são distribuídas para toda a região.
AVANÇO ECONÔMICO
Comerciantes atacadistas de várias localidades aqui se estabeleceram, acompanhando os trilhos, promovendo um grande avanço econômico.
Daí, até 1950, quase nada havia mudado na cidade. Somente nos anos 60 é que o universo restrito e econômico de Santa Bárbara começou a sofrer alterações.
A expansão de grandes projetos siderúrgicos, em municípios próximos, ativa a exploração do minério de ferro, e a produção de maior quantidade de carvão vegetal. A silvicultura local foi de tal forma impulsionada, que a propriedade da terra, até então parcelada, concentrava-se em poucas mãos.
por Comunicação